Obras que nascem de fraturas: a primeira, dos escombros deixados pela mineração da Braskem no bairro de Bebedouro em Maceió, no estado de Alagoas; a segunda, das cicatrizes abertas pelo imperialismo na Palestina. Conscientes de que o cinema é uma arte que pode habitar em fissuras — entre ficção e documentário, arquivo e invenção, destruição e reconstrução —, esses filmes fazem arte como um gesto político, transformando a concretude violenta dos escombros em matéria-prima de uma nova realidade possível. Se, no espaço-tempo do real, destroços podem ser vistos como mero símbolo de caos e destruição, no espaço-tempo cinematográfico eles podem ser evidências de vidas desalojadas, memórias roubadas, terras vilipendiadas pela ganância.