Nascido e criado no Capão Redondo, periferia da Zona Sul de São Paulo, Lincoln Péricles (LKT) é diretor, roteirista, montador e educador popular. O longa-metragem Filme de Aborto (2016) e os curtas Filme dos Outros (2014), Aluguel: o filme (2015) e Filme de Domingo (2020) são marcas expressivas da relação do cineasta com seu território de origem. À convite da CineOP – 17ª Mostra de Cinema de Ouro Preto, Lincoln Péricles participou da mesa Direito à Memória Audiovisual: A Resiliência Periférica, onde traçou reflexões sobre a importância da memória em espaços periféricos. Mutirão: o filme (2022), seu mais recente trabalho, foi exibido após a atividade mencionada, que fez parte do Temática Preservação. Em entrevista para Renan Eduardo, Lincoln Péricles compartilhou sobre o processo de construção de Mutirão, as suas aproximações entre audiovisual, educação e território, e acerca de seus horizontes e perspectivas em relação à questão da preservação e ao cinema.
Renan Eduardo: Lincoln, gostaria de abrir a conversa falando sobre seu último trabalho: Mutirão: o filme (2022). A última tela de Branco Sai, Preto Fica (Adirley Queirós, 2014) tem essa frase: “Da nossa memória, fabulamos nois mesmos”. Quando aproximo essa citação ao seu filme, fico pensando sobre seus arquivos e os próprios mitos, ficções e fabulações que estão contidos neles, que geram um sentimento de pertencimento. Será que poderíamos começar por aí, na relação entre a frase do filme de Adirley Queirós e seu filme? Poderia desenvolver um pouco sobre isso?
Lincoln Péricles: Primeiramente, quando o Adirley termina o filme dele com essa frase, sinto algo meio profético. De alguma forma, isso é algo que sempre fizemos. Ver um mais velho terminando o filme com essa frase foi tipo: “é isso que nós temos que seguir mesmo dentro desse “corre” do cinema”. Sinto que nós temos muito mais referências hoje, de outras áreas das artes, como o hip hop, o rap. Já há um caminho pavimentado. É daqui para frente, tá ligado? Olhar para trás, para nossa memória, para as nossas fabulações até aqui, né? É sobre passado, mas também somos nós nesse presente. E é daqui para frente. Então, isso tudo se mistura numa linha narrativa que não é branca. Não é passado, presente, futuro… É outra coisa.
Sobre Mutirão… Você estava falando de fábula e trago até um bagulho infantil nele, sabe?! Sempre pensei em fazer um filme infantil. Mutirão, pra mim, tinha que começar e terminar com a voz de uma criança falando sobre aquelas imagens. Queria fazer um filme para Duda, mas também gostaria que ela estivesse elaborando e fabulando junto comigo. Quando comecei a fazer o filme, eu tinha uma aposta: “tenho essas imagens que estão quase se perdendo, um acervo que corre risco [da Associação Povo em Ação] e vou mostrar para alguém que habita esses espaços e frequenta o movimento social”. A mãe da Duda é da Povo em Ação, queria saber se Duda ia sacar que aquela era a rua dela, vendo as imagens antigas do mesmo lugar. Poderia acontecer dela falar assim: “não tem nada a ver essas fotos, não sei de nada e tal”. Mas, ela topou de toda forma.
Nós sempre fazemos várias brincadeiras que envolvem audiovisual. Duda filma e grava muito. Sempre trampamos com ela. O cinema e audiovisual são parte do processo pedagógico dela, de aprender a ler o mundo. Se não tivesse filme, pelo menos tinha o processo educativo. E, aí, eu buscaria fazer esse filme de outro jeito. Mas, quando mostrei para ela, me surpreendeu que ela começou automaticamente a fabular. No meio, descobriu qual era o lugar e, no final, Duda percebeu que era o nosso filme. E começa aquela coisa de “dá um zoom aqui, corta aqui”, sabe?! Não dirigindo, porque era uma brincadeira. Por exemplo: às vezes, ela pede para filmá-la e começa a me chamar de produção: “vira a câmera para cá, produção! Corta, produção!”. No filme, a direção é minha, mas a gente tem uma prática audiovisual que é nossa. No meio do processo, ela começou a reparar nas crianças, algo que eu não havia reparado antes. Isso é doido, né?
Nós, adultos, já estamos muito marcados. Por mais que tenhamos a memória, entendemos que nós é cria da luta, né? Vivendo naquele espaço que o mutirão criou [Lincoln vive até hoje na Cohab Adventista]… Esse olhar para dentro das fotos, para aqueles indivíduos presentes, não só para a coletividade, foi ela quem trouxe. Ela traz um olhar coletivo, mas fala: “nossa, o que é que aquela criança tá fazendo ali?” Começa a reparar, quase como a frase do Adirley, fabular no que está acontecendo dentro daquelas fotos. Inclusive, para além do que eu estava querendo ver ali. Na minha cabeça, era um filme sobre a luta, sobre o processo de fazer mutirão, de construir algo. Ela trouxe algo a mais. No fim das contas, é a forma como nós construímos os filmes, né? O jeito que construo meus filmes é assim. Sempre faço esse paralelo de fazer mutirão e fazer cinema.
Então, a Duda começa a dar ação e vida para… Não é uma memória fixa, tá ligado? É uma memória viva. É uma memória que tem ligação direta com a vida dela, com a minha vida, meu cotidiano naquele território, que mulheres e homens construíram com suas próprias mãos. Saímos de algo em que está tudo construído, fixo, que é matéria parada, para um tipo de processo em que a fábula faz aquilo ter vida, ser um outro tipo de matéria, que não apenas cimento. Aí tem gente, tem subjetividade, tem alegria, tem dores, tem humor.
Renan: Alguns pontos que você trouxe nesse seu último comentário se relacionam com certas discussões da CineOP – 17ª Mostra de Cinema de Ouro Preto, como a educação, preservação, o diálogo com a juventude. Você consegue perceber uma ação educativa (ou pedagógica) em seus filmes? Por exemplo, como foi a recepção de Mutirão: o filme para outras crianças?
Lincoln: Acho que a principal diferença é a forma como crianças e adultos percebem o filme. As crianças veem de um jeito muito mais leve. Por exemplo, a exibição que ocorreu após minha participação na mesa “Direito à Memória Audiovisual: A Resiliência Periférica”, senti um clima de choro. Fica nessa coisa, porque temos um governo fascista, existe uma desesperança muito louca. Tem uma questão de classe aí também, sabe? Lembro quando Bolsonaro se elegeu, as pessoas estavam meio “nossa, meu mundo acabou!” Mas, para nós que somos de quebrada, o amanhã segue e continuamos na luta, entendeu? E se esse mano for eleito de novo? Vai parar tudo mais uma vez? É desespero? Não.
Nós sempre continuamos na luta. Estamos aqui falando de um filme que nós tínhamos com a luta que construiu uma moradia. Independentemente do governo que estiver no poder, a luta é construída pela mão dos próprios trabalhadores. Sinto que tem certo desespero, tem um choro de desespero, tá ligado? Mas, também tem um choro muito genuíno. Conversando com outras pessoas de quebrada…. Comecei um diálogo com João Pedro Rodrigues, que está querendo transformar esse dispositivo [do filme] em uma atividade do Museu das Favelas, em São Paulo. Para que as crianças de quebrada comentem as fotos do passado de seus próprios territórios.
Renan: Tipo um react de YouTube né!?
Lincoln: Isso! Nós já tivemos uma sessão do filme com a sala cheia de crianças. Após a exibição, todas elas queriam tirar foto com a Duda, todo mundo trocando Instagram, sabe?! Fiquei só de longe observando como “tio babão” e pensando: “caralho, que foda isso!” Elas percebem tudo isso com uma leveza. Tem todo um sistema que corta as asas de nossas crianças, né? A nossa luta é também para que essas asas não sejam cortadas. Mesmo as crianças vendo o filme com algum tipo de leveza, acho que elas entendem a dimensão da luta.
Quando você falou do react do YouTube… Essa é a linguagem que elas se conectam hoje. E é um bagulho que elas conseguem olhar para o seu bairro, só que para além do cotidiano, que pode ser entediante. Na quebrada, você não tem muito acesso, você não vai a um museu, não tem um cinema por perto. As pracinhas e parques que estão preparados para as crianças estão todos quebrados, sabe? Eu achava que o filme tinha que começar e terminar com voz de criança, porque elas ouvem a outra falando, prestam mais atenção. Tem o depoimento da Edna, mas tem uma criança falando do começo ao fim.
Apesar de vê-lo como um filme infantil, o efeito para nós, que somos adultos, é de entender de uma forma consciente que as pessoas daquele lugar construíram aquela quebrada de tal forma. Em um tipo de coletividade e de organização. Nós também podemos fazer isso no cinema, se organizar dessa mesma forma. Nós [do cinema] nos vendo como movimento social ou o movimento social nos percebendo como “parte desse caldo”.
Renan: Quando estamos discutindo sobre a questão da preservação audiovisual no Brasil, é comum falarmos sobre os incêndios e enchentes ocorridos em aparelhos públicos como a Cinemateca Brasileira, que causam perdas imensuráveis. Mas, fico com a sensação que essas discussões, quando ganham força apenas quando acontece um desastre ambiental, nos dificulta a pensar em estratégias políticas e práticas a longo prazo. Nesse sentido, você acredita que há possibilidades de descentralizar esse debate desse ambiente específico o e pensar o problema de forma mais abrangente? Como?
Lincoln: Quem faz cinema dentro dos nossos territórios precisa ter noção de quão histórico é filmar todo dia o mesmo muro de sua quebrada. Nós somos frutos de invasões, expulsões, violências… Então, registrar todo dia esse espaço, que se modifica diariamente, é documentar e produzir “contraprova” contra as provas que o Estado tem contra nós. Dei o exemplo do muro, mas, quando você faz um filme, de ficção ou documentário, em que os personagens da quebrada e/ou personagens racializados tem subjetividade, você tá produzindo uma “contraprova” a despeito de tudo que o audiovisual burguês e branco tentou construir. E, não só isso: é contra filmagens policiais, estatais, cinejornais e qualquer “fita” nesse sentido. A gente sabe que a ferramenta está, desde o início, na mão desses invasores, dos que nos expulsaram e continuam expulsando para cada vez mais longe da dignidade.
Nós estamos falando em preservar, mas eu uso muito a palavra cuidar. Temos que entender que não vamos ser apagados. Não vamos ser apagados, nem não vamos existir sozinhos. Não podemos existir sozinhos. Então, cuidar, preservar o material que a gente faz, é deixar de existir sozinho, tá ligado? Mesmo a galera da quebrada produzindo bastante, existe um lugar de solidão. Seja por causa de bagulho financeiro ou por causa do histórico da área. Nunca vai ser tranquilo estar dentro de um bagulho desse. Então, cuidar é criar base, criar raiz sólida para o que fazemos. Para aqueles que vão fazer e para os que fizeram antes de nós, mesmo sem ter as ferramentas que temos hoje.
Renan: Você acha que essa solidão pode ser confundida com autonomia?
Lincoln: Como assim?
Renan: Uma certa ideia de autonomia, sem depender de ninguém… Isso se perde quando pensamos que essa autonomia é individual e não coletiva…
Lincoln: Acho que não. Quando falo em solidão está mais relacionada à falta de sentido, sabe? De olhar e pensar: “para que que eu estou fazendo tudo isso?”, entende? Uma solidão existencial mesmo. E perigosa, porque sinto que quando a gente trampa com cinema tem muito a ver com a vida e a morte, tá ligado? Acho que nós precisamos aprender a ter um ritmo de cura naquilo que a gente faz, porque senão, automaticamente, vamos estar apontando para a morte. A realidade colonial para nós é a morte. Morte ou sobrevivência. A sobrevivência indigna e desgraçada. É nesse sentido que eu falo, não na ideia de “sozinho eu consigo fazer tudo”. Como o Mano Brown fala: “cada favelado é um universo em crise”. Acredito que cada pessoa sozinha é um universo em crise e que ela pode construir muitas coisas potentes. Mas, essas coisas serão concretas e colocadas enquanto prática, ideias, quando tomarem forma coletiva.
Lembrei que estavámos falando sobre práticas de preservação… Há muita organização do audiovisual nos territórios. É preciso pensar num fomento ao cinema que seja feito de forma direta, honesta, com recurso de verdade, não 1% do que os caras do “cinemão” ganham. Esse recurso precisa ser, de fato, pensado para projetos de preservação ou para os próprios filmes. Um edital que exija uma organização para cuidar daquele material, um acervo público, organização de material bruto. Tem pessoas que sabem disso mais do que eu, mas é desenvolver um planejamento de preservação daquilo que já está sendo produzido.
É bizarro que haja milhões e milhões de recursos para a produção, para ter gente chamando filme de oito milhões de “baixo orçamento”. Gente que faz filme com quatro milhões e chama de “baixo orçamento”, tá ligado? E não ter uma vírgula disso para pensar preservação, organização de acervos, para pensar formas de cuidar do cinema produzido nesse país. Nós, da quebrada, já temos menos recursos do que os caras. A gente precisa se preparar em dobro, porque se a gente não cuidar do nosso bagulho, ninguém vai. O Estado brasileiro não tem interesse nenhum em cuidar da memória das quebradas e das periferias desse país. Desse jeito fica fácil dizer que a gente nunca existiu.
Renan: Organizações Sociais (OS) tem se apresentado como facilitadoras ou amortizadas desse problema que estamos falando… O que você pensa sobre isso?
Lincoln: Acho esse papo de OS um caô da porra. Precisamos de política pública, do Estado sendo vanguarda do bagulho. Tipo assim, acho que é dar outro nome para várias coisas que o neoliberalismo coloca como solução, tá ligado? É muito louco pensar que as OS são como linha de frente da retirada de direitos, da descontinuidade dos projetos culturais desse país. Essas organizações tentam se apresentar como única solução possível para a tragédia do Brasil e as pessoas caem nesse caô. As OS são resultados de um sucateamento histórico dentro da cultura brasileira. Sucateia-se para caralho e depois fala: “olha aqui, tem uma empresa que cuida. Olha que bonitinho, eles deixam limpinho o chão. Tem atividade todo dia. Contratamos duas pessoas com respeito na área e é isso”. Mas, no momento que quiserem demitir alguém, demite-se. Direito trabalhista não existe e a gente esquece que, anterior a tudo isso, se tivesse uma política pública e de Estado efetivas, não iamos precisar de nada disso.
Renan: As mídias digitais, por mais que promova certa democratização no acesso e produção audiovisual, parecem ser uma armadilha quando pensamos no tema preservação. Nós não temos uma educação ou cuidado necessários para lidar com esses novos materiais, né? Sinto que também estamos muito reféns de grandes empresas tecnológicas, as big tech’s. Elas podem simplesmente sumir com todas as nossas memórias que estão espalhadas nos drives de armazenamento ou em redes sociais. Em determinado momento, a gente pode só perder tudo, como aconteceu com o Orkut e o MSN, por exemplo…
Lincoln: A real é que estamos sitiados né. Se a gente pensa que o futuro da distribuição audiovisual tá na mão de empresas que só tem interesse em lucro… Não tem como pensar em memória e lucro ao mesmo tempo. Elas não fazem parte do mesmo acordo. A preservação é um problema porque ela não está diretamente ligada ao lucro também, né? Mas, para nós, ela está relacionada a mudanças sociais concretas. Na verdade, para os bancos, institutos, famílias burguesas a preservação está ligada ao lucro sim, porque é como eles conseguem perpetuar o legado da família e continuar explorando.
Renan: E depois faz filme com esse material, né?!
Lincoln: Não só filme, faz de tudo. Faz filme, faz empresa. Vai ter o quadro do fundador da empresa, a raiz histórica da família que veio da Itália e não sei mais o que, entende? Você consegue puxar tudo, consegue comprovar que é italiano mesmo tendo nascido no Brasil e ganhar um passaporte amanhã. E até hoje a gente não consegue provar que essa porra toda aqui é um território indígena! O cara com o pouquinho que ele tem consegue lucrar, criar empresa, ganhar passaporte e fazer o que ele quiser da vida, tá ligado?
Quanto aos materiais, eu sinto que percebi tarde a importância de guardar… Na real, vou reformular essa frase. Eu não tinha dinheiro para guardar as coisas. Quando comecei a filmar em mini dv, eu gravava e não tinha dinheiro para comprar outra fita, então acabava gravando por cima mesmo. Tenho várias fitas mini dv, que talvez tenha só uma hora de material digitalizado, mas, na verdade, eu gravei 100 horas, saca? Não tinha dinheiro e isso sempre foi um problema nas mini dv. E depois com o digital também, porque HD externo era caro, HD interno era caro. Dívida sempre é um problema para nós. Comecei falando sobre como eu percebi tarde a importância de guardas as coisas, mas a real não é isso. Quando comecei a ter recurso, comecei a guardar. Quando queimava um HD, eu não tinha muita noção… Tipo, tinha o material dentro de um HD externo, aí queimava o HD e eu perdia tudo. Só que não havia outro HD para fazer backup. Mesmo se eu pensasse que teria sido algum descuido, não tinha como cuidar, dentro da minha trajetória.
Mas, hoje, meu próximo grande projeto de cinema é criar uma forma, um museu, em que essas imagens… Sinto que o Filme dos Outros (2014) é um pouco isso, um mini-museu sobre classe e formato. Esse projeto que falo de cinema não é nem filme. É criar uma ideia de guardar. Uma coisa que eu possa guardar e entender o que a gente gravou em digital, o que a quebrada grava em digital hoje. Pensar em como que selecionamos, quais critérios de seleção e memória que podemos estabelecer para guardar o que está sendo produzido. Seja por nós que trampamos com cinema e ganhamos dinheiro nesse bagulho ou em geral, das pessoas que estão trampando para o YouTube, o TikTok. Não podemos ter a ilusão de que a gente trampa pra si mesmo. Como você falou, as empresas estão tomando conta. Como criamos um outro lugar para guardar coisas que, eventualmente, estão sendo produzidas para essas empresas, já que toda a cadeia de produção, tirando a distribuição, é nossa? Nós produzimos tudo e ainda entregamos de mão beijada. É como se fosse a uberização do cinema, tá ligado?
Outra coisa: eu não vou parar de fazer filme. Estamos aqui gravando, vai ter um texto falando sobre algum bagulho que falei, vai ter um texto sobre o Mutirão: o filme. Mesmo se meu filme deixar de existir, quando falo sobre meu filme ou existe um texto de alguém sobre um filme meu, ele continua existindo. Então, não paro de fazer filme porque os filmes precisam ser feitos por nós. Fazer filme é registrar dentro dessa linguagem, desse formato, que nós queremos cuidar e preservar nossas coisas e ideias. Fazer cinema dentro da quebrada é criar pequenos museus, o tempo todo. Se esses museus vão pegar fogo, se eles vão deixar de existir, já são outros problemas. Esses pequenos museus não são tirados pelo fogo ou pela enchente, é o capitalismo mesmo que queima tudo.